Como é morar no Canadá? Veja o que os brasileiros dizem
Conhecer o Canadá é um sonho para muitas pessoas. Para ser mais exata, de acordo com o World Development Indicators, em 2017, o segundo maior país do mundo recebeu aproximadamente 20,8 milhões de turistas ao longo do ano. Se esses números não impressionam, a estimativa da população no último ano foi de 37,4 milhões, sem contar os visitantes temporários. A alta procura pelo país se deve principalmente a suas altas taxas de qualidade de vida, a possibilidade de aprender dois idiomas (inglês e francês), boa economia e políticas públicas voltadas para a população.
Figurando entre os primeiros 15 países no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano há alguns bons anos, o Canadá oferece uma boa estrutura para sua população, que é majoritariamente urbana, principalmente por conta de áreas inabitáveis pelo extenso território – são quase 10 milhões de quilômetros quadrados. Apesar da extensão, o país é um dos 10 mais seguros para se viver do mundo, com níveis altíssimos de saneamento básico e alfabetização: ambos por volta dos 99%.
Onde viver no Canadá
Num país tão vasto, você imaginaria que as possibilidades são infinitas, mas vale lembrar que boa parte do Canadá é só para os fortes ou para ninguém: as temperaturas na região norte podem chegar a níveis tão baixos que seria impossível para humanos suportarem. As principais cidades procuradas pelos futuros moradores estão mais ao sul e são Vancouver, Montreal, Quebec, Winnipeg, Ottawa, Victoria, Edmonton, Alberta, Calgary e Toronto, a principal cidade do país.
Falamos sobre a capital da província de Ontario em um artigo exclusivo, tamanha a sua importância para o Canadá. E foi exatamente por conta disso que o bancário Walter Shimada e sua esposa não hesitaram em mudar de São Paulo para lá. “É o centro financeiro do Canadá, e como tinha experiência como bancário no Brasil, Toronto nos pareceu ter mais chances de empregabilidade”, ele conta. Sua esposa, por sua vez, acabou optando por fazer uma pós graduação na cidade e já estão lá há mais de dois anos.
Para quem tem o objetivo de aprender inglês, atenção para as províncias e onde no Canadá mais se fala francês. A província de Quebec inteira tem raízes francesas, por exemplo, e Montreal tem mais influências de lá do que da parte anglo-saxônica do país. Para Kézia Rosa, que está no Canadá para aprimorar as habilidades tanto em francês como em inglês, a cidade pareceu uma boa escolha: “Especialmente em Montreal, dificilmente você encontra pessoas que não falam os 2 idiomas”, conta, e diz que já explorou as cidades de Montreal, Quebec, Toronto e Niagara Falls em sua estadia. Já para Luisa Marini a experiência de aprender inglês foi em Vancouver. Ela ficou três meses na cidade e morou em uma casa de família. “Foi a minha primeira experiência morando fora, então foi muito especial para mim”, relembra. A aventura foi tão boa que agora ela está de volta ao país para um mestrado em sua área de atuação.
Como é morar no Canadá
Se você decide se mudar durante os meses de inverno canadense, prepare-se: as temperaturas mais baixas da sua vida poderão ser lá e os dias mais curtos também. Para Gabriela de Toni, que visitou o país em 2013 a fim de aprimorar suas habilidades em inglês e francês, o impacto foi inevitável, mesmo sendo da região sul do Brasil. “O clima é um choque muito grande. Em dezembro, senti muito frio e foi bem difícil se acostumar com ele”, relata a jornalista, que estava em Toronto nesse período. No inverno, os dias têm menor exposição de sol, assim como por aqui, e, por isso, não é estranho ter o pôr do sol entre 15h e 16h. Já no verão, os dias podem vir a ter até 15 horas de iluminação solar forte.
Apesar de um inverno rigoroso, a experiência para quem nunca viu ou viveu com a neve é inesquecível. Nos outros meses do ano, boa parte das cidades do sul tem as estações do ano bem definidas, com as clássicas folhas da árvore de maple (ou acer, em português) alaranjadas cobrindo as ruas e parques pelo país. A bióloga Melina Bellini mora em London, uma cidade menor da província de Ontario, e já experimentou verões de 40ºC positivos e invernos da mesma temperatura negativa. A dica para ela é acompanhar as previsões do tempo: “quando a gente verifica a temperatura, nós vemos o quanto está marcando e qual é a sensação térmica na realidade. No inverno, isso é bem útil”.
O país definitivamente é o lugar quando se trata de multiculturalismo. Caminhando pelas ruas, é possível ver gente de diversas nacionalidades, ouvir os mais variados sotaques e provar o mundo inteiro sem sair de uma só cidade, por exemplo. Além de França e Inglaterra, as ancestralidades canadenses seguem sendo muito ricas, com influências indígenas e esquimós, e que ganharam, com o passar dos anos, a força da imigração do mundo inteiro para lá. Em terras canadenses, uma coisa é certa: sua cultura e suas diferenças serão e muito respeitadas.
Ao lado do respeito, o senso de sociedade também é algo que se destaca no país. O canadense se esforça para acolher a todos muito bem, sendo educado e muito prestativo com qualquer pessoa que chega ao país ou que para na rua para tirar uma dúvida, por exemplo. A veterinária Helen Massoni já fez um intercâmbio para Vancouver e tem visitado bastante o país para encontrar seus pais, que se mudaram para lá. Ela lembra de uma das experiências que mais a surpreenderam positivamente enquanto esteve lá: “eu estava procurando uma loja e estava perdida e fui pedir informação em um hotel. O rapaz da recepção sentou comigo e olhou no mapa até achar o local e imprimiu o mapa com a localização, achei isso tão incrível”.
Para ir de um lugar ao outro, o que não falta é opção de transporte de qualidade e eficiência. Ônibus, trem, metrô, barco e até opções próprias, como o street car de Toronto, fazem a vez da locomoção. Como em toda grande cidade, é possível encontrar uma lotação maior nos horários de pico, mas nada que a velocidade e eficácia no abastecimento de veículos não resolva facilmente. O que pode ser um dificultador é com relação à comida. O Canadá não é um país de muitos pratos típicos, tendo como seu grande símbolo nacional o Poutine, um prato calórico de batata frita com queijo e molho de carne, perfeito para os dias de temperaturas negativas, e o Maple Syrup, xarope adocicado perfeito para panquecas. Mas, fora isso, não há muita opção de destaque na culinária própria. Ainda bem que tem os imigrantes!
O que fazer no Canadá
Só nesse artigo, você já deve ter percebido: estudar no Canadá é a opção principal. Seja para se aperfeiçoar em um ou dois idiomas, ganhar certificados internacionais ou expandir conhecimento dentro de uma área específica, o país está de portas abertas a espalhar educação para todo o mundo.
A educação também abre portas para grandes oportunidades de emprego, como no caso da Thaís Vidal, que trabalha como agente de serviços de estudantes em universidades, ajudando os alunos com o que precisarem no dia a dia. Ela e o marido se mudaram em 2017 para Montreal, por influência da irmã dele e, principalmente, do jazz: “como músicos, resolvemos que aqui era o lugar certo”, completa. Ele está estudando e ela segue aumentando seu leque de conhecimentos. “Morar em Montreal também me fez querer aprimorar o francês, o que pessoalmente me agrada muito”, conta Thaís.
Já para Melina, que está no seu quinto ano de Canadá por conta de um doutorado, a dica é trabalho voluntário. Por lá, fazer esse tipo de serviço comunitário é muito incentivado desde cedo nas escolas, principalmente para reforçar o senso de coletividade e de vivência social. Por isso, “existem muitas ONGs que ajudam pessoas, desde servir comida até arrecadar dinheiro para instituição ou pesquisa nas ruas”, complementa.
Os maiores desafios para um brasileiro no Canadá
Para muitos brasileiros, se acostumar com a prestatividade e a educação pode ser um desafio. É uma diferença cultural muito grande da nossa, já que é algo intrínseco na maioria dos canadenses. Luisa, que agora vive em Montreal, percebeu que “parece que as pessoas são mais bem informadas e preocupadas com o futuro. Isso nos faz abrir a cabeça, praticar a empatia e respeitar o próximo”.
Já para a produtora Yumi Tomie, que morou em Vancouver, o choque cultural foi com o senso de comunidade em si. “O motorista do ônibus, quando dá seu horário, para o ônibus, desce e espera o novo motorista chegar. Ou, quando precisa beber água ou usar o banheiro, ele para o veículo e ninguém reclama, é algo normal! Afinal, motorista de ônibus é gente como a gente não é mesmo?”, explica.
Quem sai de uma cidade grande espera encontrar semelhanças entre elas e, por isso, é natural a comparação de São Paulo com Toronto, por exemplo. Para Anna Beatriz Silva, as semelhanças são poucas e nós encaramos muito mais problemas no dia a dia do que os canadenses. A grande diferença ficou por conta dos horários: “tudo fecha cedo, a rotina daqui é mais tranquila, o ritmo de trabalho, a qualidade de vida, o horário do jantar, normalmente as festas terminam às 2h”. Falando em bares, Anna completa: “eu estranhei não poder consumir bebida alcoólica nas ruas, hoje acho super normal”.
A importância do inglês para viver no Canadá
Acostumar-se com os diferentes sotaques e encarar o idioma como uma forma de se comunicar universalmente é o primeiro passo. Para Patricia Araujo, isso se mostrou necessário logo na primeira aula, quando chegou em Toronto. Ela lembra que acabou se juntando a uma turma já em andamento e que ela “boiava no começo para entender, mesmo porque não podia ter tradução”.
A experiência do Walter também provou que já ter um domínio do idioma pode e vai ajudar. Mesmo tendo um nível ok para se virar em viagens, ele teve que se esforçar para aprender e ser muito paciente nesse processo. “Minhas expectativas eram basicamente de me estabelecer profissionalmente o mais rápido possível e, para isso, meu nível de inglês teria que melhorar consideravelmente. Leva-se um tempo para evoluir e normalmente não é o tempo que a gente gostaria”, ele explica.
Já está decidido para onde quer ir ou ainda tem outros planos? Nós também temos um artigo sobre morar na Austrália, caso queira ver as diferenças entre os dois. Para ambos os casos, aprender inglês será um grande facilitador. Lembramos que, com a nossa escola, você tem acesso ilimitado a exercícios e atividades para ganhar vocabulário e domínio da gramática, e também oferecemos aulas com professores certificados e colegas do mundo inteiro para já perder a vergonha de falar com estrangeiros e chegar solto para tirar um sonho do papel.
Escrito por Mayara Abreu.